ESCOLA
ESTADUAL ENSINO MÉDIO MARIA TERESA VILANOVA CASTILHOS
ATIVIDADE PROGRAMADA DE LITERATURA - PROFESSORA:
Andrisa Teixeira
TURMA 33 ( Período - 06/04 a 09/04)
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
01. O texto e a fotografia ao lado dialogam entre si.
Justifique sua resposta, consi-derando as diversas leituras que podem ser
feitas a partir de uma análise do ponto de vista sócio-econômico.
(B)
A história é mesmo sobre o lixo
(C)
O homem reduzido a condição de animal.
(D)
O homem deve ser tratado como animal.
03. Assinale V nas
afirmativas verdadeiras e F nas falsas, tomando como referência o texto “O bicho”,
de Manuel Bandeira.
(
) É poético, entre
outras razões, porque o autor, além de
empregar
a lin-guagem
denotativa (sentido amplo da palavra), expressa – de forma bela – sentimento de indignação
diante de um fato inaceitável.
(
) É um poema porque, entre outras razões, ao invés
de expressar-se em prosa, o autor
o faz através de versos.
( ) É um poema
com dez
versos livres, distribuídos em quatro estrofes.
A seqüência correta, de cima para baixo, é:
(A) V – V – F (B) F – V – V (C) V– F– V (D) F – V – F
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ATIVIDADE PROGRAMADA DE LITERATURA - PROFESSORA:
Andrisa Teixeira
TURMA 33 ( Período - 13/04 a 17/04)
Modernismo brasileiro
Os governos
das oligarquias vão se sucedendo. Minas e São Paulo repartiam o poder,
desfavorecendo as camadas empobrecidas da população.
A época da
Semana de Arte Moderna, o quadro brasileiro era de crises sucessivas, que
acabam por gerar a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assume o poder.
Fases do Modernismo
Costuma-se dividir o
Modernismo brasileiro em 3 fases:
1ª Fase: fase heroica
(1922 – 1930)
2ª Fase: fase
construtiva (1930 – 1945)
3ª Fase: fase de
reflexão (1945 até nossos dias)
Autores
Mário de Andrade
Estreou com
o livro de influências parnasianas e simbolistas. Mas Paulicéia Desvairada
(1922) seria o primeiro livro do Modernismo brasileiro. Nele, o poeta focaliza
aspectos humanos, sociais e políticos de São Paulo, em versos livres, de
métrica informal, subvertendo os valores estéticos ate então vigentes.
Palavras, expressões, flashes e fragmentos se articulam numa tentativa de
apreender a alma urbana de São Paulo, ora lhe celebrando a paisagem, ora
criticando a burguesia, ora tentando expressar sua visão da cidade.
No
“Prefácio Interessantíssimo”, que abre Pauliceia Desvairada, o poeta nos dá sua
fórmula de elaboração do poema:
Impulso inconsciente +
escrita livre + técnica posterior = poesia
Com Losango
caqui (1926) é, segundo o próprio Mario, composto por sensações, ideias,
alucinações, brincadeiras, liricamente anotadas. Nele, o poeta expressa seu
antimilitarismo.
A obra
ficcionista de Mario de Andrade pode ser dividida em 2 vertentes:
Primeira: trata do universo
familiar da burguesia paulistana e da gente do povo, especialmente com o livro
Amar, verbo intransitivo e vários contos que publicou.
Segunda: aproveitamento
de lendas indígenas, mitos, anedotas populares e elementos do folclore
nacional, fazendo parte disso o livro Macunaíma.
Nesse livro o herói
apresenta traços bem definidos, como a preguiça, o deboche, a irreverencia, a
malandragem, a sensualidade, o individualismo e o sentimentalismo. Enfim, o
caráter do herói muda de um episodio para o outro, o que justifica qualifica-lo
de herói sem nenhum caráter.
Macunaíma
Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova
cheia d’água. E a cova era que-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói
depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou
inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do
pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada
brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco louro e de olhos
azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de
indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o
milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém, a água já estava muito
suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando
água pra todos os lados só conseguiu ficar da cor do bronze novo (...)
— Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se
e antes fanhoso que sem nariz.
Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifava toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa.
1. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. O teto lido é uma representação alegórica de que?
Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifava toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa.
1. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. O teto lido é uma representação alegórica de que?
2. Que reação de Macunaíma não condiz com o que se espera de um herói, prenunciando o anti-herói?
3. Os modernistas da 1ª fase procuravam romper com a linguagem formal e incorporar a fala coloquial (uso de vocábulos e sintaxe bem próximos da linguagem cotidiana). Muitas vezes utilizavam registros populares da língua ou não utilizavam pontuação, contrariando a gramática normativa.
4. Mario de Andrade valoriza a lógica e a razão nesse texto? Por quê?
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Andrisa Teixeira
TURMA 33 ( Período - 20/04 a 24/04)
Graciliano
Ramos
Seus
romances se caracterizam pelo inter-relacionamento entre as condições sociais e
a psicologia das personagens; ao que se soma uma linguagem precisa, enxuta,
despojada, de períodos curtos, mas de grande força expressiva.
Estreou com
o romance Caetés (1933) que conta um caso de adultério ocorrido numa pequena
cidade do interior nordestino.
São
Bernardo (1934) é uma das obras-primas do autor, pois narra a ascensão de Paulo
Honório, rico proprietário da fazenda São Bernardo. Com o objetivo de ter um
herdeiro, Paulo se casa com Madalena, uma professora de ideias progressistas. O
ciúme e a incompreensão de Paulo Honório levam-na ao suicídio. Trata-se de um
romance admirável, não somente pela caracterização da personagem, mas também
pelo tratamento dado a problematização da coisificação dos indivíduos.
Angústia
(1936) é a história de uma só personagem (um monólogo), que vive a remoer a sua
angústia de ter cometido um crime passional.
Entre suas
obras autobiográficas, destacam-se Memórias do cárcere (1953), depoimento sobre
as condições dramáticas de sua prisão durante o governo do ditador Getúlio
Vargas.
Vidas Secas
Graciliano Ramos
A
caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que
eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos
moribundos.
– Anda
excomungado.
O
pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso,
queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um
fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse
obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro
precisava chegar, não sabia onde.
Tinham
deixado os caminhos, cheios de espinhos e seixos, fazia horas que pisavam a
margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.
Pelo
espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho
naquele descampado. pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja,
irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando
vagamente que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão,
acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados
ao estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu. Entregou a
espingarda a Sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os
bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá
Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os
juazeiros invisíveis.
E a viagem prosseguiu,
mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande.
1. Qual é a importância do cenário descrito na narrativa?
2. Que traço psicológico de Fabiano identifica-se com o cenário
da seca? Justifique.
3. O que indica a dificuldade de comunicação de Sinhá Vitória e a que podemos atribui-la?.
4. Que características do filho de Fabiano acentuam o drama dos retirantes?
5. O que caracteriza a relação de Fabiano com a realidade da
seca e a sua visão dessa realidade? Que afirmação do narrador justifica a sua
resposta?
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Andrisa Teixeira
TURMA 33 ( Período - 27/04 a 30/04)
Jorge Amado
Costuma-se dividir a sua obra em 2 fases.
A 1ª fase é
iniciada com o livro O país do carnaval (1931), em que se caracteriza por seu
forte conteúdo político e pela denúncia das injustiças sociais, o que muitas
vezes dá um caráter panfletário e tendencioso às obras. O esquematismo
psicológico das obras dessa fase leva a uma divisão do mundo em heróis
(marginais, vagabundos, operários, prostitutas, meninos abandonados,
marinheiros, etc.) e vilões (a burguesia urbana e os proprietários rurais). Há
uma exceção: Terra do sem-fim (1942) é uma obra prima do autor.
A 2ª fase
se inicia com a publicação de Gabriela, cravo e canela (1958). Fugindo ao
panfletismo e ao esquematismo psicológico, Jorge Amado passa a construir seus
romances com elementos folclóricos e populares: os costumes afro-brasileiros, a
comida típica, o candomblé, os terreiros, a capoeira etc. o mundo dos
marginalizados se torna um mundo feliz, pois seus heróis levam uma vida sem
preconceitos, sem regras severas de conduta social, o que lhes permite um
elevado grau de liberdade existencial.
Capitães da Areia
"É aqui também que
mora o chefe dos Capitães da Areia: Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim,
desde seus cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que vagabundeia nas ruas da
Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho
e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de
todos os seus becos. Não há venda, quitanda, botequim que ele não conheça.
Quando se incorporou aos Capitães da Areia (o cais recém-construído atraiu para
suas areias todas as crianças abandonadas da cidade) o chefe era Raimundo, o
Caboclo, mulato avermelhado e forte.
Não durou muito na
chefia o caboclo Raimundo. Pedro Bala era muito mais ativo, sabia planejar os
trabalhos, sabia tratar com os outros, trazia nos olhos e na voz a autoridade
de chefe. Um dia brigaram. A desgraça de Raimundo foi puxar uma navalha e
cortar o rosto de Pedro, um talho que ficou para o resto da vida. Os outros se
meteram e como Pedro estava desarmado deram razão a ele e ficaram esperando a revanche,
que não tardou. Uma noite, quando Raimundo quis surrar Barandão, Pedro tomou as
dores do negrinho e rolaram na luta mais sensacional a que as areias do cais
jamais assistiram. Raimundo era mais alto e mais velho. Porém Pedro Bala, o
cabelo loiro voando, a cicatriz vermelha no rosto, era de uma agilidade
espantosa e desde esse dia Raimundo deixou não só a chefia dos Capitães da
areia, como o próprio areal. Engajou tempos depois num navio.
Todos reconheceram os
direitos de Pedro Bala à chefia, e foi dessa época que a cidade começou a ouvir
falar nos Capitães da areia, crianças abandonadas que viviam do furto."
Jorge Amado, Capitães
da Areia, 50a ed.
Rio de Janeiro: Record, 1980, P. 26/7.
Rio de Janeiro: Record, 1980, P. 26/7.
1. Pela leitura do texto, pode-se concluir que o romance pretende denunciar que tipo de problema social?
2. Que
fato da vida de Pedro Bala pode se considerado como o elemento desencadeador de
sua vida de menino de rua?
3. Que características de Pedro Bala fizeram dele o líder do grupo?
4.
Mesmo sendo um grupo de marginalizados, os meninos demonstravam senso de
justiça entre os membros do grupo. Que fato narrado comprova essa afirmação?
EEEM Maria Teresa Vilanova Castilhos – Polivalente
Atividades do mês de junho
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ATIVIDADE PROGRAMADA DE LITERATURA -
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TURMA 33 ( Período - junho)
OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
Um operário em construção
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve em um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo cresce
Ele não cresceu em vão.
(...)
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o termo do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Vinícius de Moraes (Antologia Poética).
1) Como é que o
operário está relacionado àquilo que ele produz nesse poema?
2) Observe que a
expressão-título do poema pode significar mais de uma coisa: Explique em que
sentidos “operário em construção” pode ser interpretado nesse texto.
3) Por que o texto é
facilmente caracterizado como poesia?
4) Se, em vez de lido
silenciosamente, o texto fosse falado ou lido em voz alta também seria
caracterizado como poema? Por quê?
5) Qual é o tema do
texto? Justifique, com apoio no texto de Vinícius de Moraes, porque a simples
escolha do tema não define o gênero textual.
6) Por que a escolha
vocabular apenas, nem o nível de linguagem, nem o tema são suficientes para a
caracterizar o texto como poema? Use outros exemplos como base de sua
argumentação.
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TURMA 33 ( Período – junho)
Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mar artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome noco é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
Carlos
Drummond de Andrade.
Entendendo a poesia:
01 – Quais elementos do poema você observa na vida cotidiana?
02 – Qual a ordem de importância no
poema entre esses três elementos: pessoa, mercadoria e marca?
03 – O poema faz uma crítica a
sociedade atual. Qual é esta crítica?
04 – O que são '' Logotipos do
mercado'' Faça um levantamento dos logotipos, mais conhecidos, as empresas que
os detêm e os países de origem dessas empresas, ou seja, onde estão as suas
sedes?
05 – Você daria outro título a essa
poesia? Qual?
06 – Pesquise no dicionário o
significado da palavra “EU”.
07 – Agora, pesquise o significado da
palavra “COISA”..
08 – Qual a diferença entre “EU” e
“COISA”?
09 – Você, assim como o autor da
poesia, também se sente “coisificado”? Por quê?
10 – Selecione um trecho da poesia
que demonstre a perda da identidade para a propaganda.
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